Conheça os Principais Peixes de Água Doce do Brasil

A diversidade dos rios brasileiros
Antes de falarmos das espécies mais conhecidas, é importante entender o cenário. O Brasil abriga aproximadamente 12% da água doce superficial do planeta, com destaque para bacias como a Amazônica, a do São Francisco, a do Tocantins-Araguaia e a do Paraná. Essas bacias hidrografam grande parte do território nacional e formam ambientes aquáticos ricos em biodiversidade.
Estudos apontam que existem mais de 3.000 espécies de peixes de água doce no país — número que cresce conforme novas descobertas são feitas. Muitas dessas espécies têm valor ecológico, ornamental ou comercial, sendo algumas amplamente utilizadas na aquicultura e pesca profissional.
Tambaqui: o gigante amazônico
O tambaqui (Colossoma macropomum) é um dos peixes de água doce mais famosos do Brasil, especialmente na região Norte. De corpo robusto e sabor marcante, pode atingir mais de 30 kg na natureza.
Na criação de peixe, o tambaqui se destaca por seu rápido crescimento, resistência a doenças e boa conversão alimentar. É muito valorizado em tanques escavados e sistemas de cultivo em viveiros. Além disso, sua carne rica em gordura saudável é apreciada em diversas preparações, do churrasco à moqueca.
Tilápia: a estrela da piscicultura brasileira
Embora não seja uma espécie nativa, a tilápia (Oreochromis niloticus) tornou-se um dos pilares da piscicultura no Brasil. Introduzida décadas atrás, ela rapidamente se adaptou aos diferentes climas e sistemas de cultivo.
A tilápia é hoje responsável por mais de 60% da produção de pescado em cativeiro no país. Seu sucesso se deve ao crescimento acelerado, à rusticidade e à carne branca e de sabor suave, com poucos espinhos. Além disso, é uma espécie que se adapta bem à tecnologia, sendo criada em tanques-rede, bioflocos e sistemas de recirculação.
Pacu: tradição e sabor na mesa brasileira
Outro peixe bastante conhecido e utilizado na criação de peixe é o pacu (Piaractus mesopotamicus), muito comum no Pantanal e na bacia do Paraná. Ele é parente próximo do tambaqui, mas geralmente de menor porte.
O pacu é apreciado por sua carne firme e saborosa, sendo muito utilizado em preparações regionais como assados, frituras e caldeiradas. Na aquicultura, apresenta bom desempenho, com rápido crescimento e adaptação a diferentes sistemas.
Pirarucu: o gigante da Amazônia em expansão comercial
O pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de água doce do mundo e um verdadeiro símbolo da Amazônia. Pode ultrapassar os 2 metros de comprimento e pesar mais de 100 kg.
Durante muito tempo, o pirarucu foi explorado de forma predatória, levando à redução de suas populações naturais. No entanto, nos últimos anos, a criação de peixe dessa espécie em cativeiro tem ganhado força, como forma de conservar o recurso e atender à demanda de mercado.
Matrinxã: rapidez e sabor da bacia amazônica
A matrinxã (Brycon amazonicus) é uma espécie nativa das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Ágil, saltadora e muito apreciada na pesca esportiva, ela também é valorizada na culinária, principalmente na forma assada ou grelhada.
Na piscicultura, a matrinxã apresenta taxa de crescimento rápida, embora requeira manejo cuidadoso por ser bastante ativa e sensível a variações de qualidade da água.
A importância da piscicultura para a criação de peixe no Brasil
A piscicultura é hoje uma das atividades que mais crescem dentro do agronegócio brasileiro. De acordo com dados da Embrapa e do IBGE, o Brasil já figura entre os principais produtores de pescado de cultivo do mundo, com destaque para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Essa atividade é essencial para suprir a demanda crescente por proteína animal, de forma mais sustentável e com menor pegada ambiental em comparação à pecuária tradicional.
Desafios e perspectivas
Apesar do crescimento, o setor ainda enfrenta desafios importantes, como a regularização ambiental, o acesso a crédito e a necessidade de mais investimentos em pesquisa e inovação. O manejo da qualidade da água, o controle de doenças e a capacitação técnica também são pontos de atenção para garantir a sustentabilidade da criação de peixe.
Conclusão
Conhecer os principais peixes de água doce do Brasil é entender parte da riqueza natural e cultural do país. Tambaqui, pacu, matrinxã, pirarucu e tilápia não são apenas nomes populares, mas espécies que sustentam cadeias produtivas, tradições culinárias e oportunidades de crescimento sustentável.
A criação de peixe, ancorada em boas práticas de piscicultura, representa uma chance real de promover desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental.